quarta-feira, 31 de março de 2010

Renascer...





Segundo a igreja Católica a páscoa traz em seu significado o renascimento. Pra eles o renascimento de Cristo e da vida. E eu acho isso muito lindo! Pra mim em especial tem muito significado o renascimento!
Renascer! Nascer novamente! Quantas vezes por vida fazemos isso?! Quantas vezes entramos em uma estrada, que julgávamos certa e bonita, andamos nela até o fim e quando nos damos conta estamos com fome, com sede, cansados e sem estrada pra trilhar. O fim chegou! Sofremos, choramos, morremos e quando menos se espera nascemos com toda nossa vitalidade novamente! Com uma bela e nova estrada pra trilhar. Que poder e esse que o ser humano tem de se reinventar, de morrer e nascer várias e várias vezes em uma só vida!? O poder do amor, creio eu! O poder da vida que pulsa em nosso corpo e nos fala – Levanta! Olha lá fora! Tem uma vida ávida por você!
Minha tia sempre fala que na vida devemos ter nossos momentos de “entrar no buraco” e que devemos em alguns momentos entrar bem lá dentro dele e chorar, descabelar, sofrer, berrar e depois disso tudo o principal – a mola – mola essa que com um pulo bem forte nos levará pra cima novamente, pra ver e sentir o sol, a chuva, a noite, as estrelas a vida que pulsa e espera ansiosamente por nós! Vida essa que espera o nosso renascimento! Que espera esse nosso lado de “fênix” que renasce das cinzas revigorada (o)! Que se queima pra depois renascer! Assim somos nós! Quantas vezes você não foi queimado(a)? Quantas vezes você não se sentiu sem forças, humilhado, maltratado, amargurado e sem forças? Quantas vezes a esperança não foi sua companheira? Quantas vezes você não viu aquela santa luzinha no final do túnel? E daí um belo dia, o sol brilha mais forte, o céu parece mais azul, as pessoas parecem que estão de melhor e a vida tem muito mais colorido. O mundo que mudou??!! Não amigo(a) foi você que usou a “molinha” e renasceu!! Lembra da história do ovo de páscoa que significa renascimento!? Pois é! Essa é a época pra isso....pra renascer! Se você já usou sua molinha fico feliz, mas caso contrário, pense nisso!! A vida quer muito te ver assim...deliciosamente feliz! Rindo pras paredes! Essa é uma boa época pra se pensar nisso. Uma boa época pra renascer! Alias sempre é!!
Grande beijo!

terça-feira, 30 de março de 2010

Mulher divorciada..




Ontem a tarde foi a minha audiência de divórcio. Tudo muito tranqüilo, afinal a bem da verdade era somente pra homologar o acordo que já havia sido feito. Sem brigas é tudo tranqüilo e calmo. Nem parecia uma solene audiência. Se muito, todo o processo durou meia hora. E daí vem a pergunta de todos – Como você está? O que mudou? – Bem, vou responder como sabiamente minha irmã Angel, muito bem colocou (ela também se divorciou a pouco tempo) – É bom, é ótimo! Mas na verdade, não muda nada!! – Afinal já estávamos separados a mais de 2 anos!! (risos). Ou será que muda?! Agora sou uma mulher divorciada! Solteira novamente! Que perigo!!(risos) Mas...com o coração muito bem ocupado!! E pra lá de feliz!! Insuportavelmente feliz e boba como a grande maioria dos apaixonados de plantão!(risos)
Bem, saindo de lá conversando com minha comadre e também advogada (tudo de bom estar entre amigos pra resolver estas delicadas questões) fiquei pensando em como (Graças a Deus) evoluímos. Gente, até a algumas décadas atrás não existia divórcio nem separação! O casamento era indissolúvel !! Palavra forte, não?!! Casados uma vez, casados pra sempre! Depois de um tempo se criou o “desquite” e em 76 a lei do divórcio. Pensem!! Que dúvida devia ser aceitar ou não um pedido que se aceito, teria que ser levado “até que a morte os separe” literalmente!! Claro que pra quem estava apaixonado isso não soava assim tão dramático, afinal quem está amando quer mais é que aquilo dure eternamente. Mas e se o encanto acabasse? Se a vida a dois ficasse pesada demais? Se estar junto começasse a ser complicado? E se qualquer coisa fosse melhor que voltar pra casa? E se você se sentisse “dormindo com o inimigo”? E se o respeito, a amizade o amor e a cumplicidade tivessem pulado pela janela?
Se assim fosse você teria que engolir em seco e agüentar, custasse ou não a sua felicidade. A sua vida inteira!! Que bom que evoluímos, não?!! Agora cada um que cuide do seu relacionamento e caso não dê certo; cada um pra um lado. Tudo tão prático que se não houver filhos menores e se for de comum acordo até no cartório se resolve. Claro que não dá pra fazer disso uma orgia e pular de casamento em casamento. Mas passar uma vida inteira infeliz, porque a “lei” prefere te ver casado a te separar também é um tanto demais! Que visão machista era essa!!?
Não sei se essa visão mudou de todo; tenho pais de amigas que acham que mulher separada está “perdida”, virou vagabunda ou coisa do gênero, pode ??!! Pensar que estamos em 2010! Mas pelo menos a visão do legislador e do Estado mudou, pra felicidade de muitos. Como eu, como você, como tantos!
Acredito no casamento. Acredito que uma vida a dois pode ser muito legal. Mas, pra estar junto de alguém debaixo do mesmo teto, dividindo a mesma cama, o dia e a noite, a mesma casa, as contas, as preocupações, as crises, os parentes, os filhos, tem que ser leve, tem que ter cumplicidade, respeito, amor, paixão, tesão, amizade, lealdade; tem que se querer voltar pra casa no final do dia, tem que se querer dividir e compartilhar momentos tristes e alegres, tem que estar com os olhos da alma abertos pra enxergar e sentir o outro, tem que se estar disposto a ceder, a aprender, a ensinar, a cuidar, de si e de quem se tem; requer as vezes, uma mais que outras, doses de paciência; e não se pode esquecer que como tudo na vida depende de cuidado e carinho pra crescer e florir. Cuidados que são diários!! Mas...caso isso não aconteça, caso você já tenha tentado de tudo, caso a felicidade e a alegria de viver tenham se mudado, hoje tem solução. Uma solução tranqüila e que leva no máximo 30 minutos ( se for de comum acordo, claro). E que soa como – olha você tentou, foi bom até um certo tempo, e depois não deu mais certo e agora essa etapa na sua vida acabou. Portanto guarde o que foi de valor, jogue fora as mágoas e você terá a oportunidade de olhar pra frente e se refazer, começar uma outra vida, tocar o barco e o mais importante, ser feliz de uma outra maneira de um novo jeito! Boa sorte! – Assim pelo menos soou pra mim quando a juíza me cumprimentou e falou – Boa sorte e felicidade!- Afinal ela sabe como todos sabemos que apesar de divórcios ocorrerem hoje com tanta tranqüilidade, uma das maiores buscas do ser humano e por um grande amor, pela tal da felicidade, pela tampa da sua panela, por alguém que te faça suspirar e acreditar que tudo sempre pode dar certo!
E é isso que desejo hoje pra todos... Boa sorte e felicidade! Pra quem está dividindo a vida com alguém e para aqueles que ainda não encontraram sua cara-metade, tampa da panela.
Grande beijo...aos divorciados em especial, claro!! (risos)

segunda-feira, 29 de março de 2010

Domingo de sol...





Domingo de sol combina com o quê?!
Pra mim combina com...começar o dia com café na padaria,
passada na banca de revistas pra comprar revistas de decoração,
caminhar no parque da cidade,
tomar água de coco sentados à sombra de uma árvore lendo as revistas compradas,
chegar em casa alongar no chão da sala e comer laranja,
tomar um bom banho pra refrescar,
almoço com seus familiares regado a muitas risadas e boa comida,
tarde de bate papo e mais risadas,
uma lua quase cheia pra começar a noite....
e pra terminar o dia a única coisa que não combina com “domingo de sol”...
me despedir de você...
momentos tão simples, mais tão especiais, tão perfeitos...
...é! O amor é mesmo simples e sutil...como tomar água de coco sentados à sombra de uma árvore lendo revistas de decoração.
...hoje você não é mais um “sonho nem uma possibilidade”...
....hoje você é um domingo de sol...hoje você é...a segunda, a terça, a quarta, a quinta, a sexta, o sábado...o domingo de sol....alias ao seu lado todos os dias são dias de sol e as noites são sempre estreladas!
E o seu domingo tem sido como?!
Grande beijo...pra você!





quinta-feira, 25 de março de 2010

"como roubar um coração"

COMO ROUBAR UM CORAÇÃO







"Para se roubar um coração é preciso que seja com muita habilidade, tem que ser vagarosamente, disfarçadamente, não se chega com ímpeto, não se alcança o coração de alguém com pressa.
Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado.
Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente.
Conquistar um coração de verdade dá trabalho, requer paciência, é como se fosse tecer uma colcha de retalhos, aplicar uma renda em um vestido, tratar de um jardim, cuidar de uma criança.
É necessário que seja com destreza, com vontade, com encanto, carinho e sinceridade.
Para se conquistar um coração definitivamente tem que ter garra e esperteza, mas não falo dessa esperteza que todos conhecem, falo da esperteza de sentimentos, daquela que existe guardada na alma em todos os momentos.
Quando se deseja realmente conquistar um coração, é preciso que antes já tenhamos conseguido conquistar o nosso, é preciso que ele já tenha sido explorado nos mínimos detalhes, que já se tenha conseguido conhecer cada cantinho, entender cada espaço preenchido e aceitar cada espaço vago. ...e então, quando finalmente esse coração for conquistado, quando tivermos nos apoderado dele, vai existir uma parte de alguém que seguirá conosco.
Uma metade de alguém que será guiada por nós e o nosso coração passará a bater por conta desse outro coração.
Eles sofrerão altos e baixos sim, mas com certeza haverá instantes, milhares de instantes de alegria.
Baterá descompassado muitas vezes e sabe por que? Faltará a metade dele que ainda não está junto de nós.
Até que um dia, cansado de estar dividido ao meio, esse coração chamará a sua outra parte e alguém por vontade própria, sem que precisemos roubá-la ou furtá-la nos entregará a metade que faltava. ... e é assim que se rouba um coração, fácil não?

Pois é, nós só precisaremos roubar uma metade, a outra virá na nossa mão e ficará detectado um roubo então!
E é só por isso que encontramos tantas pessoas pela vida afora que dizem que nunca mais conseguiram amar alguém... é simples... é porque elas não possuem mais coração, eles foram roubados, arrancados do seu peito, e somente com um grande amor ela terá um novo coração, afinal de contas, corações são para serem divididos, e com certeza esse grande amor repartirá o dele com você. "

Desconheço a autoria.



quarta-feira, 24 de março de 2010

O tempo de um e o tempo de dois...



Vocês se conhecem, trocam olhares, flertam, encostam as mãos e quando menos se espera começam a namorar. A partir daí descobrem “coincidências”, pontos em comum, gostos, sonhos, esperanças, fazem planos, vão ao cinema, teatro, caminhadas no parque, jantares, filminhos na frente do sofá e sem contar o tempo ele passa e vocês completam um, dois meses de namoro. Muito tempo?! Pouco tempo?! do tipo  "Nossa já!!" ou  "Nossa achei que já estavamos juntos  uma vida inteira!! "
E daí será que já dá pra poder dividir algumas lembranças ou será que melhor esperar? Será que já da pra apresentar pra família ou será muita pressão? Quais as palavras que já podem finalizar uma carta, um eu te amo, um eu gosto de você ou um eu te adoro? Será que já da pra pensar em planos no futuro? Quais são as intimidades que podem ser divididas? Que amigos apresentar? Ligar todo dia? O que falar? Dividir sofrimentos, ansiedades e dia-a-dia? E a chave da casa? Dar ou não? Se permitir? Confiar? Viver com total intensidade ou com algumas restrições? O que é certo? O que é no tempo certo? Será que de uma forma ou de outra pode durar mais ou menos?Tem tempo certo? Tem um tempo determinado que dá a noção correta de quando ou não fazer, viver e falar? Existe alguma receita?
Pode ser que sim! Ou quase certo que não, eu desconfio!!
Já vi namoros de 10 anos virar casamento e acabar em 2 anos. Já vi namoros de 2 anos virar casamento e durar até aonde tenho notícia. (risos). Já vi namoros de anos terminar sem mais nem menos. Já vi namoros cheios de “horas certas” ser uma turbulência, já vi namoros com o próprio tempo ser calmo e sereno.
O tempo de cada um, o tempo de cada casal, a sincronia perfeita de dois seres que resolvem unir dois “tempos“ pra transformar em um.
Tantas coisas que envolvem esse tempo certo. Esse tempo que agora une dois corações, que corre e que para pra acertar e corrigir os minutos e segundos de mais uma história de amor e paixão neste vasto Universo dos romances.
Tempo certo e tempo errado. Coisas tão relativamente impontuais.
Seu relacionamento tem sintonia, cumplicidade, diálogo, respeito, amizade, lealdade, paixão, amor, tesão? Tem! Que bom! Isso sim importa! Agora se tem 1, 2 meses ou 10 anos isso não faz a menor diferença. Cada um tem um tempo, cada um tem uma hora certa, cada um sente de uma forma diferente do outro. Já é complicado acertar duas vidas em uma. Você ainda vai querer se acertar com o tempo dos outros? Ei!! Preocupa não!! Olhe pro lado, sinta seu companheiro, converse, se entenda e ache junto com ele (ela) o tempo certo! Não o meu, nem o da sua amiga, mãe, pai, tio, tia...o tempo de vocês! O resto é puro palpite. Que como todos os “palpites” pode ou não dar certo.(E gente pra palpitar não falta!!) Escute, aproveite o que é bom, afinal as experiências dos outros sempre são de alguma ajuda, mas não tome isso como um rumo certo. Ninguém tem rumo certo pra vida do outro. Rumo certo a gente só tem pra gente mesmo.(Quando tem!) O rumo certo, isso só vocês dois, com seus dois corações vão poder sentir e viver.
Então viva! Sinta seu tempo! Não se apresse, e tente não se atrasar! Se entregue! Ou não! Tente não se machucar!
Se vai dar certo?! Não esquenta!! O sábio “tempo” na hora certa, dirá!
Grande beijo.

terça-feira, 23 de março de 2010

Um coração....


"Rifa-se um coração



Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade está um pouco usado, meio calejado, muito machucado e que teima em alimentar sonhos e, cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente que nunca desiste e acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado coração que acha que Tim Maia estava certo quando escreveu...
"...não quero dinheiro, eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece, e mantém sempre viva a esperança de ser feliz, sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado.
Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que abre sorrisos tão largos que quase dá
pra engolir as orelhas, mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado indicado apenas para quem quer viver intensamente
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro na hora da prestação de contas:"O Senhor pode conferir. Eu fiz tudo certo, só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal quando ouvi este louco coração de criança que insiste em não endurecer e,
se recusa a envelhecer"
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo, mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda não foi adotado, provavelmente, por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais, por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que, mesmo estando fora do mercado, faz questão de não se modernizar, mas vez por outra, constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário a publicar seus segredos e a ter a petulância de se aventurar como poeta."


Clarice Lispector

segunda-feira, 22 de março de 2010

Escutar...





Queridos amigos, gostaria de pedir desculpas por não ter terminado a “semana da poesia”, mas o resto da semana foi sem acesso a internet. Não, eu não estava “ilhada”!! Apenas meu computador que está em manutenção. Hoje claro o texto é da Martinha, que por sinal tem tudo a ver com meu momento...ando “escutando” muitas verdades e uma delas é exatamente essa, a de escutar em vez de só estar pronto a ouvir...a mim, ao outro...mas não esse “escutar” da boca pra fora, escutar com o coração, sentir o outro, estar aberto, ser a "escutadora", “mera” coadjuvante que muitas vezes é muito mais importante que o papel da protagonista. Quantas vezes me pego falando e dando conselhos pra quem só precisa ser escutado. Quantas vezes acho que o que tenho pra falar e de extrema importância, quando na verdade eu é preciso me ouvir e ouvir o outro. Nem sempre, ou quase nunca, o que serve pra mim servirá pro outro lado.
Somos tão cheios de muitas verdades, importantes conselhos que nos esquecemos do principal, de escutar. Escutar de todo coração. Silenciosamente, sem interrupções, sem verdades pré concebidas, sem julgamentos, sem impaciências... sem tempo contado.
Estou praticando! E entre outras coisas pretendo melhorar a cada dia mais, não somente pra me tornar uma boa ouvinte, mas pra me tornar um ser que sabe sentir o outro e a mim mesma. Chego lá amigos!!
Beijos em todos!

“A arte de escutar


Semana passada esteve em cartaz no Theatro São Pedro uma peça que não trazia nenhum ator global e tampouco uma produção espetaculosa trazia texto e ideia. A personagem principal da peça era a que menos falava. Era uma espécie de escutadora. Alguém a encontrava numa fila de banco e a escolhia para fazer confissões. Outra pessoa a encontrava num vagão de metrô e contava sua história de vida. Outra ainda a encontrava no vestiário da academia e fazia dela sua confidente sem nem ao menos saber seu nome. Simplesmente eles olhavam para ela e se sentiam confiantes para falar sobre si, para abrir o que de mais íntimo guardavam dentro. E falavam. Falavam. Falavam. Sem serem interrompidos.
Ela, a que escuta, é uma protagonista que nos revela a importância de ser coadjuvante.
Vem a calhar essa reflexão numa época em que todos sonham com o papel principal, onde todos sentem necessidade de externar sua opinião, publicar seus pensamentos, conquistar seguidores para suas gracinhas. Todos falam, hoje. Ninguém mais escuta.
Eu nunca sonhei em ser cronista, aconteceu. E acabei me tornando vaidosa do meu trabalho, feliz por ter um espaço para me manifestar e provocar reações, sejam concordantes ou discordantes. É uma maneira de existir além da redoma familiar, além do círculo de amigos. As palavras de uma folha de jornal ou da tela do computador ganham voz e viajam pelo Estado, pelo país e até pelo mundo, sem que ninguém interrompa a “fala” de quem escreve. Não foram poucas as vezes em que pensei: diacho, o que pode interessar o que eu penso para gente que nem me conhece? Por que não é Beltrano ou Sicrana que está aqui dividindo suas reflexões com os leitores, em vez de mim?
Sorte. Oportunidade. Mas é provável que Beltrano e Sicrana não sejam anônimos. Eles não escrevem aqui, mas certamente têm blog, Twitter, site próprio. Eles deram um jeito de se fazer ouvir. Quase todo mundo dá.
O lugar mais cobiçado do momento não é o sofá da sala, o jardim da casa ou a mesa da cozinha: é o palco. Qualquer palco onde alguém possa justificar sua existência, receber a sua deixa, ter seu momento de brilhar. E quem está sentado na plateia? Espie por trás da cortina: a plateia está praticamente vazia.
Quase não há mais diálogo, aquela modalidade em que um fala e o outro escuta até o fim, e aí é a vez do outro falar e de o outro escutar, e essa troca de ideias construir uma conversa pausada e estabelecer um laço. E muito menos alguém hoje se contenta com a coadjuvância e apenas escuta, sem opinar, apenas escuta com generosidade e entrega, simplesmente escuta para que o outro se sinta respeitado em seu desabafo, escuta por afeto.
“Meu ouvido não é penico”, defendem-se os que não sabem praticar o silêncio tão necessário para fazer contato. Só queremos ouvir nossa própria voz.
Saí do Theatro São Pedro satisfeita com o que vi e com o que ouvi, e ligeiramente envergonhada.”
Martha Medeiros.





quarta-feira, 17 de março de 2010

Semana da poesia - Vinicius de Morais.





Atendendo a pedidos....hoje é dia de mais uma grande alma.
Com vocês um pouco de Vinicius de Morais....
Grande beijo!

 
Pela luz dos olhos teus

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
 a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Soneto da Fidelidade

E tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meus pensamentos
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive)
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure

Soneto do Amor Total

Amo-te tanto meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
Amo-te enfim, de um calmo amor prestante
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

Eu não existo sem você


Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham a você.
Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!


Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.
Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.
Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.
Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

terça-feira, 16 de março de 2010

Semana da poesia - Mario Quintana.

Amigos dia 21 de março, domingo próximo é o dia Mundial da Poesia, portanto essa semana o blog será um espaço pra nos encantarmos com os grandes poetas. Aceito sugestões.

Ontem foi Drummond, hoje o primeiro que me veio à cabeça foi Quintana. Claro que acabei buscando poesias que falam de amor....por que será?! (risos).

Um grande beijo!! Cheio de poesia e amor.



“Não quero alguém que morra de amor por mim…
Só preciso de alguém que viva por mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.
Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo,
quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade.
Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim…
Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível…
E que esse momento será inesquecível..
Só quero que meu sentimento seja valorizado.
Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre…
E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor.
Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém…
e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos,
que faço falta quando não estou por perto.
Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras,
alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho…
Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons
sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente
importa, que é meu sentimento… e não brinque com ele.E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca
cresça, para que eu seja sempre eu mesmo.
Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter
forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe…
Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.
Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia,
e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos,
talvez obterei êxito e serei plenamente feliz.
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas…
Que a esperança nunca me pareça um “não” que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como “sim”.
Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder
dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim,
sem ter de me preocupar com terceiros…
Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento.
Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão…
Que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades e às pessoas,
que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim…e que valeu a pena.”

Outras...

O amor é quando a gente mora um no outro.


Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...
Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...
E a rosa louca dos ventos Presa à copa do chapéu.
 Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.
Nada jamais continua,Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,

Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...


PRESENÇA

É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
 perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.


CUIDADO

A poesia não se entrega a quem a define.
 
MARIO QUINTANA POR MARIO QUINTANA
( texto escrito pelo poeta para a revista Isto É de 14/11/1984 )


Nasci em Alegrete, em 30 de julho de 1906. Creio que foi a principal coisa que me aconteceu. E agora pedem-me que fale sobre mim mesmo. Bem! eu sempre achei que toda confissão não transfigurada pela arte é indecente. Minha vida está nos meus poemas, meus poemas são eu mesmo, nunca escrevi uma vírgula que não fosse uma confissão. Há ! mas o que querem são detalhes, cruezas, fofocas... Aí vai ! Estou com 78 anos, mas sem idade. Idades só há duas : ou se está vivo ou morto. Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a eternidade.

Nasci do rigor do inverno, temperatura : 1 grau; e ainda por cima prematuramente, o que me deixava meio complexado, pois achava que não estava pronto. Até que um dia descobri que alguém tão completo como Winston Churchill nascera prematuro – o mesmo tendo acontecido a Sir Isaac Newton ! Excusez du peu.

Prefiro citar a opinião dos outros sobre mim. Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo à minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito não satisfaz. Dizem que sou tímido. Nada disso ! sou é caladão, instrospectivo. Não sei por que sujeitam os introvertidos a tratamentos. Só por não poderem ser chatos como os outros ?

Exatamente por execrar a chatice, a longuidão, é que eu adoro a síntese. Outro elemento da poesia é a busca da forma (não da fôrma), a dosagem das palavras. Talvez concorra para esse meu cuidado o fato de ter sido prático de fármacia durante 5 anos. Note-se que é o mesmo caso de Carlos Drummond de Andrade, de Alberto de Oliveira, de Erico Veríssimo – que bem sabem ( ou souberam) , o que é a luta amorosa com as palavras.






segunda-feira, 15 de março de 2010

Aos apaixonados..


Na hora de escrever o texto de hoje me percebi um tanto quanto “abobalhada” como Drummond fala. Percebi na estrada voltando de Brasília que o céu estava perfeito, e que eu estava com pensamentos muito mais leves e com um sorriso no canto da boca que me acompanhava, não somente na estrada mais durante todo o dia. Cheguei na faculdade a tarde e a primeira coisa que ouvi de um amigo foi – você está diferente amiga, mais iluminada, com cara de menina- e dái me toquei que não somente eu que estava me sentindo mais leve, bonita, alegre, iluminada, amada...todos ao meu redor já notaram que meu mundo está muito melhor - até o cara da padaria.(risos)
Portanto hoje o texto é pros “enamorados” de plantão como eu. Pra estes seres que vivem em um mundo diferente, um mundo que é compartilhado, partilhado, somado, dividido. Um mundo feito de duas vidas que juntas fabricam sonhos, trocam experiencias, juras de amor, cartas, dedicam músicas, dedicam um pouco – ou muito- de cada um pro outro. Um mundo em que duas pessoas ocupam os lugares principais de uma história, em que não existem coadjuvantes nem histórias de terror ou suspense, somente romances bem contados e bem vividos, daqueles com direito a "Oscar" de melhor filme, trilha musical, fotografia, atriz e ator.
O texto de hoje somente vai curtir quem já viveu ou está vivendo neste estado em que  palavras como saudade, paixão, amor, dois, juntos, romance, cumplicidade, carinho, sonhos, simplicidade, compreensão, felicidade, dedicação, magia, sentimentos... não são somente palavras vazias, mas palavras sentidas letrinha por letrinha.
Agora deixo vocês com o grande poeta, Drummond, que fala direto ao coração dos apaixonados.
E o meu beijo hoje é pra você meu amor, que tem feito o meu mundo ser muito mais colorido e mais iluminado.



“Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namoro de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.
Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas, namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado, não é que não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter um namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas: de carinho escondido na hora em que passa o filme: de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d'agua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos e musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela.
Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uam névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteira: Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido.
Enlou-cresça.”

Carlos Drummond de Andrade.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Dia de Marthinha...

"Fiéis e inteligentes



As mulheres acabam de ganhar um belo argumento contra os don juans: segundo uma pesquisa divulgada recentemente, homens fiéis são mais inteligentes que os infiéis. Dito assim, parece conversa pra boi dormir, mas há uma informação importante por trás desse resultado. Satoshi Kanazawa, especialista em psicologia evolutiva da London Schools of Economics, descobriu que há uma mudança de mentalidade em curso, e essa é a grande notícia.
Todos sabem a força da cultura herdada. De geração em geração, homens lidam com sexo de uma maneira menos romântica que as mulheres. Realizam suas fantasias e desejos à revelia de seu estado civil, amparados pela teoria ancestral de que nasceram para espalhar o maior número de sementinhas e assim garantir a permanência da espécie. Com um álibi bom desses, a infidelidade masculina acabou sendo considerada apenas uma travessura, e, se a traição magoava as parceiras fixas, azar das parceiras fixas. Perde-se um ônibus, logo vem outro, não é o que dizem?
O que o sr. Kanazawa revelou ao mundo é que os homens começaram a perceber que esse rodízio pode ter um alto custo emocional. O sexo clandestino é muito divertido e o risco de ser descoberto pode deixá-lo ainda mais saboroso, mas se for realmente descoberto, surpresa: já não haverá uma Amélia para perdoar. Antigamente, as mulheres faziam olho branco não só porque “homem é assim mesmo”, mas porque a sociedade não recebia de braços abertos as desquitadas, e, além de sozinhas, elas teriam que viver de pensão e reduzir seu padrão de consumo, sem falar no trauma causado aos filhos. Uma derrocada familiar que era facilmente evitada: bastava fingir que nada estava acontecendo.
Hoje, independentes financeiramente, com a sociedade as reverenciando e conhecedoras de truques para não envelhecer jamais, as mulheres já não têm por que ficar aturando desaforo. Se a linha de ônibus deles é frequente, a nossa também, basta fazer um sinal. Mas não é a variedade que costuma nos dar uma bela história de vida pra contar.
Afora as imutáveis diferenças hormonais que determinam o comportamento sexual de machos e fêmeas, o aspecto cultural pode realmente estar passando por uma evolução. Os homens mais inteligentes (cuja pesquisa inclui também os ateus e os politicamente liberais, mas nisso ninguém se ateve) são aqueles que estão atentos às transformações sociais e que se deram conta de que mais vale ter uma mulher incrível ao lado do que uma coleção de biscates, e resolveram reduzir a farta distribuição de sementinhas. Sendo homens seguros, não precisam copiar o padrão machista de seus pais e avós. Captaram, com mais rapidez que os neurologicamente desfavorecidos, que o risco de perder a mulher amada é grande e que a fidelidade pode ser um bom investimento a longo prazo. Como é que ficaram tão espertos?
Precisaram ficar. Suas mães e avós, também muito inteligentes, pavimentaram essa mudança antes deles."

Martha Medeiros.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Desistir...



Queridos amigos e leitores, o texto de hoje eu recebi ontem do meu namorado e me "bateu" de uma forma muito especial. O Universo - pra variar - não falha nunca comigo, e  o conteúdo do texto tem muito a ver com meu momento. Claro, que tudo é um exercício diário de auto-conhecimento e percepção interna, mas o primeiro passo eu já dei..."desisti" de um monte de coisas já  tem  um tempo!! E ainda vou desistir de mais algumas amigos! (risos)...
E você?! Vai "desistir''?!


"EU DESISTO...


É isso mesmo, entreguei os pontos, não dá mais, acabou.
Essa frase soa com tanta força, não é?
Mas é verdade, eu desisti mesmo.
De um monte de coisas.
Desisti de reclamar de quem não quer aprender. Decidi me concentrar em quem quer...
E se você olhar bem direitinho, perto de você tem um monte de gente sedenta de conhecimento.
Desisti de tentar emagrecer para ser igual a todo mundo. Resolvi ter o peso que eu devo ter, por uma questão de saúde, por uma questão de bem estar. Só isso.
Desisti de tentar fazer com que as pessoas pensem do jeito que eu gostaria que elas pensassem. Achei melhor buscar respeitar o outro do jeito que ele é.
Imagina se o mundo fosse feito de milhões de pessoas iguais a mim...
Ah, isso ia ser um tormento!
Desisti de procurar um emprego perfeito e apaixonante.
Achei que estava na hora de me apaixonar pelo meu trabalho e fazer dele o acontecimento mais incrível da minha vida, enquanto ele durar.
Desisti de procurar defeito nas pessoas.
Achei que estava na hora de colocar um filtro e só ver o que as pessoas têm de melhor. Defeito todo mundo acha, quero ver achar qualidades em quem parece não tê-las.
Desisti de ter o celular mais “psico-tecno-cibernético” do mercado. Agora eu só quero um telefone, pra falar. É muito frustrante comprar o mais novo modelo e dias depois ver que ele já foi superado. É pra isso que a indústria trabalha. Aproveitei o gancho e apliquei o conceito também a outros produtos: relógio, computador, máquina fotográfica, carro.
Desisti de impor minha opinião sobre tudo. Decidi que de agora em diante vou ouvir todas as opiniões, mesmo as contrárias, e vou tentar tirar proveito de cada uma delas. É mais barato compartilhar as opiniões do que brigar pra manter só uma.
Desisti de ter tanta pressa. Tudo na vida tem seu tempo, e se não acontecer, não era pra acontecer.
Não quer dizer que eu vou “deixar a vida me levar” e parar de correr atrás do que eu acredito, mas não vou me desesperar se eu perder o vôo.Sei lá o que vai acontecer com o avião...
Desisti de correr da chuva. Tem coisa mais bacana que tomar banho de chuva?
Há quanto tempo você não sente aquele cheiro de terra molhada? E se o resfriado chegar, qual o problema? Não vai ser o primeiro nem o último.
Desisti de estudar por obrigação. Agora eu faço da leitura um momento de prazer...
Cadeira confortável, pezão pra cima, um chocolate quente, minha gata ronronando do lado. Os livros agora ficaram menores e mais fáceis, mesmo que seja a CLT ou a NBR 9004.
Desisti de buscar uma planilha de indicadores toda verdinha. Os índices são assim mesmo, às vezes melhoram, às vezes pioram. Isso é o mundo real. Eu não vou deixar de fazer a gestão sobre eles, mas decidi que não vou mais sofrer por isso. Bons ou ruins eles devem gerar aprendizado e isso é o mais importante.
Desisti de trabalhar para fazer o meu sistema da qualidade ser perfeito. Eu prefiro mantê-lo sob controle, funcionando, ajudando as pessoas, ajudando os processos, dando resultados, mesmo que aos poucos.
Com essa filosofia eu ganhei um monte de parceiros, ao invés de cultivar inimigos.
Se eu fosse você, desistia também...
Tem um monte de coisas que você faz, carrega e sente, que não precisa.
Pense nisso!!!"

Thais Cadorim.




quarta-feira, 10 de março de 2010

Educar...



Lembro de quando estava grávida do Gustavo e passava horas lendo todos os livros, revistas e artigos que tinham sobre como educar, como fazer na hora da famosa “birra”, como colocar pra dormir, lembro até de um título em especial “100 coisas pra se fazer na hora da birra” – será que alguém chegou na décima?! - como isso, como aquilo e na minha ingênua idéia eu estava preparada pra tudo! Doce engano! Se nem meu parto que tanto me preparei consegui fazer da forma esperada imagina então educar baseada em “doutores” da educação. Claro, que tudo sempre ajuda, mas, como já diz minha irmã – “ninguém tem a resposta pro problema que você está vivendo com seu filho, no máximo tem um bom conselho pra te dar”.
Hoje tenho um menino saudável de sete anos que muitas vezes dá um nó na minha cabeça e faz o “balãozinho” da minha ansiedade crescer e crescer várias vezes por semana. E o pior é que nada do que vivo hoje estava escrito em lugar nenhum. Ou será que li os livros errados?! (risos).
Claro, que justiça seja feita ele não é assim nenhum monstro descontrolado, nenhum “Pimentinha”- no máximo um mostrinho (risos)- até porque Deus dá o frio conforme o cobertor é pra mim já está de bom tamanho, mas temos as nossas fases de “berros e malcriações” em que nenhum livro parece resolver. Ou será que esqueci de ler a formula certa?!
Não, não tem formula certa, nem manual de instrução, somente uma boa dose de paciência pra descobrir o que vai servir pro seu “mostrinho”.
Pois bem, ando numa fase de – Gustavo, tomar, banho! ; Gustavo hora de fazer a tarefa; Gustavo, seja educado. ; Gustavo, guarde os brinquedos; Gustavo!!!!!....claro que essas ordens e mais outras são repetidas umas 15 vezes cada uma e mesmo assim corro o risco de estar dentro do carro pronta pra sairmos e ele nem ter escovado os dentes ainda. Falta de tempo?! Não! Pior que não! E daí o que fazer na hora em que seu saquinho de paciência já acabou e você descobriu que não vendem a tal paciência na farmácia mais próxima?! Que sua mãe, irmã, amiga não tem a formula mágica pra você?! Partir pra próxima tática!!
Assim fiz! Não, não descobri isso sozinha, tenho uma baita “estrela” ao meu lado que sabe como ninguém me dar toques preciosos, e grandes amigas e amigos. Toques! O resto é comigo! Bem, fiz uma lista de “responsabilidades e tarefas” pro Gu. Listei todos os afazeres dele, colocando horários, dias, enfim, tudo bem explicadinho. Li pra ele, respondi todas as dúvidas e coloquei a responsabilidade nele. – Olha Gu, mamãe não vai mais pedir pra você escovar os dentes, fazer a tarefa, tomar banho, guardar brinquedos, me cansa, cansa você e acaba estressando nossa relação. Você já é bem grande é sabe bem o que tem pra fazer. Faça, porque se não fizer quem vai perder será você, não eu. Se na hora que eu for te buscar você estiver me esperando vamos embora juntos e dividindo nosso dia, caso contrário você fica na escola e eu vou pra casa. (claro que eu tive que além de falar, colocar isso em prática! Nada como a vivência da coisa pra se ter um resultado mais rápido.Funcionou que foi uma beleza!!)
Se vai resolver?! Até agora ele já tomou banho sozinho, guardou os brinquedos, fez a tarefa e está me esperando pra almoçar. Mas, com um detalhe, essa tática começou ontem!! (risos).
Pode ser que resolva por um mês, um ano, o resto da vida, ou um dia! Vai saber?! Nem você, nem eu, nem minhas doces “estrelas” terão essa resposta pra me dar. Infelizmente. Mas, de uma coisa eu sempre soube, desde a hora em que engravidei. Que não seria fácil; mas que seria sempre recompensador.
Não se preocupem! Caso essa tática não de certo, tenho ao livros guardados ainda, quem sabe lá não tem alguma que ainda não tentei (risos).
Certamente de alguma forma, com alguma “tática” tudo dará certo no final e depois de alguns anos estarei eu ajudando ele com seus filhos e os probleminhas podem até ser que não sejam os mesmos - ou sejam - e pode até ser que eu saiba exatamente o conselho certo pra dar – ou não - mas ele também vai “rebolar” um bocado nessa coisa chamada educar.
Grande beijo!



segunda-feira, 8 de março de 2010

Muitas...várias...mulher!




Somos mãe, amante, namorada, esposa, filha, irmã, conselheira, amiga, cozinheira, sogra, cheirosa, linda, motorista, sabe-tudo, sensível, dona-de-casa, trabalhadora...muitas, várias...mulher!
Somos uma profusão de sentimentos e sensações, somos pura turbulência, ou pura tranqüilidade, somos mil em uma.
Somos tudo, somos nada, somos a razão dos poetas, dos músicos, dos pintores, somos o nome da rua, a música dedicada, a mão estendida, o abraço que acolhe.
Somos Marias, Joanas, Rosas, Anas, Carolinas, Fernandas, Angélicas, Julianas, Taizas, Marcias, Deises, Lilians, Karens, Rafaelas, Alines, Sandras, Priscilas, Luizas, Lauras, Lianes, Lores, Angêlas, Veras, Lúcias, Renatas....
Somos tudo e sabemos a hora exata de ser nada.
Somos TPM, somos “um bicho que sangra todo mês” e não morre.... renasce.
Somos o corpo que gera outro ser, que dá vida, que abriga, que cuida, que ama incondicionalmente.
Somos médicas, dentistas, professoras, advogadas, passadeiras, juízas, escritoras, fotógrafas, modelos, nutricionistas, cantoras, freiras, humanitárias, artistas...
Somos cozinhar, fazer tarefa de casa do filho, falar ao telefone, tudo junto ao mesmo tempo.
Somos cabelo curto, longo, loiro, ruivo, negro, pintado ou natural.
Somos coloridas, cores neutras, clássicas, peruas, na moda, ou todas juntas...
Somos adolescentes, balsaquianas, maduras, meninas, senhoras...
Somos falantes, caladas, engraçadas, dramáticas, melosas, meigas, furiosas, loucas, insanas.
Somos o papel principal da novela, o tema de um livro, a razão de um poema, a mocinha do filme, a vilã, a capa da revista, o assunto de um livro, o exemplo a ser seguido.
Somos santas, virgens, inocentes, castas, taradas.
Somos um não que é sim, um sim que é não, somos um simples talvez, somos traduzíveis, inexplicáveis, complexas, somos mistério.
Somos um furação, uma tempestade, um leve vento ou uma doce brisa fresca.
Somos um corpo tatuado, um corpo suado, um corpo marcado, um corpo intacto.
Somos o zodíaco inteiro, somos uma revolução solar, somos a lua em todas as suas fases.
Somos a necessidade de ter 457 sapatos, um closet imenso, comprinhas pra relaxar, presentinhos de última hora.
Somos 365 dias do ano, somos todas as estações, as cores do arco-íris, as sete maravilhas do Universo.
Somos uma flor, um jardim florido, uma bela cachoeira, uma selva, um refúgio no meio da mata.
Somos tudo isso e muito, muito mais.
Somos a melhor definição do que é AMOR.
Queridas amigas, um grande beijo a todas vocês que me ajudam todos os dias com seus belos exemplos, nessa difícil e deliciosa missão que é ser MULHER!


sexta-feira, 5 de março de 2010

"É proibido" ....Pablo Neruda.



"É Proibido


É proibido chorar sem aprender,
Levantar-se um dia sem saber o que fazer
Ter medo de suas lembranças.


É proibido não rir dos problemas
Não lutar pelo que se quer,
Abandonar tudo por medo,


Não transformar sonhos em realidade.
É proibido não demonstrar amor
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

É proibido deixar os amigos
Não tentar compreender o que viveram juntos
Chamá-los somente quando necessita deles.


É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
Fingir que elas não te importam,
Ser gentil só para que se lembrem de você,


Esquecer aqueles que gostam de você.
É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
Ter medo da vida e de seus compromissos,


Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,


Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.
É proibido não tentar compreender as pessoas,
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,


Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.
É proibido não criar sua história,


Não ter um momento para quem necessita de você,
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.
É proibido não buscar a felicidade,


Não viver sua vida com uma atitude positiva,
Não pensar que podemos ser melhores,
Não sentir que sem você este mundo não seria igual. "


(Pablo Neruda)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Um mundo melhor começa com você!



Uma das manchetes do jornal de ontem era – homem assassinado por não querer abrir a janela do ônibus- fora outro ônibus incendiado, terremotos, maremotos, mulher esquartejada, enfim, se espremermos a tv o que saí é sofrimento, tristeza e muito sangue.
O que está havendo com esse nosso planeta?! O que está havendo com o homem?! O que anda se passando nos corações humanos?!Será que estamos colhendo o que plantamos?! Porque não adianta dizer que - eu não sou culpado - porque somos! Todos!
Faça a sua parte! Cuide do mundo ao seu redor! Não polua! Cuide das relações que você construiu! Não faça com o outro o que você não quer que façam com você! E isso que ouvimos do amanhecer até o anoitecer e mesmo assim preferimos achar que temos muito pra fazer, que o nosso trabalho ocupa muito do nosso tempo. Tercerizamos a educação dos nossos filhos e muitas vezes até a nossa. Que não nos sobra tempo pra nada! Afinal pra que fazer a minha parte se ninguém mais faz?! E assim seguimos, preocupados com o nosso próprio umbigo e nada mais. E o mundo?! Virou o caos! Os valores não valem mais nada! A vida não vale mais nada! Matar alguém porque essa pessoa não abriu a janela do ônibus, é notícia de jornal!! Como assim?!! Que tipo de sentimento, de ódio é esse que toma conta de um ser pra fazer tal barbaridade?! Não consigo parar de pensar nisso e em todas as outras coisas que nos chocam ao ligar a tv, abrir uma página da internet ou qualquer meio de comunicação.
Ontem a noite fiquei olhando o Gu dormir e me deu um medo imenso do mundo que ele vai ter que encarar. Do que espera por ele. Não queria que fosse assim. Queria que essa vida, esse mundo, fosse como eu falo pra ele- Gu, sempre lembre de uma regrinha básica: nunca faça com ninguém o que você não quer pra você. Tão simples! Tão básico! Tão certo! Não sei se essa é a receita pra tudo, mas olha, acho que muita coisa seria mais fácil. Sendo assim, eu não faria mal a nenhum ser humano, não sujaria minha cidade, cuidaria do mundo ao meu redor, porque afinal iria querer que cuidassem de mim. Arrumaria um tempo por dia pra ouvir os “problemas” do meu filho de 3 anos de idade, daria atenção a um amigo que não anda muito bem, ligaria pros meus pais pra dizer que estou com saudades, cuidaria do meu lixo, amaria mais e odiaria bem menos, teria melhores pensamentos, agradeceria a Deus por mais um dia, olharia pro lado, começando não com as pessoas lá no Haiti, mas com a “vila dos farrapos” que fica ali no outro bairro... resolve?! Não sei! Queria de coração que sim! Mas pensar que nada adianta e cruzar os braços, não adianta mesmo!
O mundo ao nosso redor! Tenho pensado nisso. Tenho tentado cuidar do que está ao meu redor, acreditando que se todos fizermos isso, o mundo como um todo vibrará uma energia bem melhor. Sou brasileira, e como todo brasileiro acredito que temos solução, que podemos ainda fazer acontecer. Sou uma formiguinha, um grão de areia, mas não se tem uma praia inteira se não começar com um pequeno grão.
E acredito de coração que esse "mundo melhor" começa aqui, dentro de mim!
Um grande beijo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

"Cresce, cresce"...


Hoje o texto da Martha também é em relação à um filme. "Preciosa", que eu ainda não vi, mas diante do texto estou muito curiosa.
Beijo grande!


"Em memória de José Mindlin



Ainda não vi o filme Preciosa, que concorre ao Oscar, mas li o livro e só não o hiperfestejo porque implico um pouco com textos escritos propositadamente errados – narrado na primeira pessoa, a personagem é analfabeta e é “nóis fumo” e “tô lavando os prato” da primeira à última página, mas entendo que sem esse naturalismo o relato soaria inverossímil e a reação à leitura não teria o mesmo impacto. Preciosa dói. E, quando o livro acaba, a gente mais uma vez se conscientiza de que não precisaria doer.
Educação segue sendo a melhor terapia para a saúde mental de uma pessoa. A personagem do livro engravidou do próprio pai aos 12 anos, é abusada também pela mãe e aos 16 está grávida de novo, do pai de novo. Só o que conhece da vida é isso: abuso e violência. Nunca ouviu uma única palavra doce em sua brutal adolescência. É feia, gorda, pobre, negra e sem estudo. Um personagem como os que existem às pencas no Brasil, ainda que Clareece Precious Jones, a Preciosa, seja americana – o que não torna sua desgraça menor.
Pra cada um de nós foi designado um anjo. Cabe a nós reconhecê-lo e permitir que ele nos ajude. O anjo de muitos brasileiros foi José Mindlin, um devoto dos livros e incentivador da cultura que faleceu domingo passado aos 95 anos. O anjo de Precious foi uma professora sem medo de desafios. O livro não acaba com Precious ganhando o prêmio Nobel de Literatura, mas mostra a porta, a única porta, pela qual todos devem passar caso queiram ser alguém.
O tocante da história é ver uma menina começar a ter acesso a algo absolutamente mágico: a união de duas letras, três letras, quatro letras, e isso se transformar numa palavra, e essa palavra dar sentido ao que ela não sabia até então como identificar. E então perceber os direitos que lhe roubaram na infância e desejar voltar no tempo pra experimentar a vida como ela deveria ter sido. Só que ninguém pode voltar para onde nunca esteve. Ela terá que carregar para sempre o massacre que sofreu por ter dois brutamontes ignorantes como pais e tentar transformar essa chance de crescer, que está recebendo, em um futuro minimamente decente. É possível?
Se através da autovalorização não for possível, então de nenhum outro jeito será.
Imagino o desespero de alguém que deseja retornar ao ponto de partida, recriar suas experiências, vivenciar o que lhe foi sonegado, mas que não pode. Porém, um dia a gente acorda, os livros nos acordam, um anjo nos acorda, e somos avisados: não adianta mais olhar para trás. É ir em frente ou nada.
Tem um monte de gente preciosa por aí que a gente não enxerga, que não recebe de nós um incentivo. O prólogo do livro traz uma frase que diz: Toda folha de grama tem seu anjo que se curva sobre ela e sussurra: “Cresce, cresce”. Tivemos a sorte de nascer em famílias que nos ofereceram uma certa estrutura, que nos possibilitaram estudar e crescer – já nascemos arbustos. Poderíamos retribuir sendo, para as folhas de grama, o anjo que sussurra."

Martha Medeiros.

terça-feira, 2 de março de 2010

Se perdoar...





Este final de semana revi um filme do qual o livro já tinha mexido muito comigo. “ As cinco pessoas que você encontra no céu”. Fala entre outras coisas, de como as vidas estão interligadas. Em como um ato nosso, por mais impensado que seja pode refletir na vida de outras pessoas. E acredito mesmo que estamos ligados por uma grande teia que faz cada pensamento, cada ato ter ou não uma consequência na vida de quem conhecemos e outras vezes na vida de quem não conhecemos. Quantas vezes um sorriso nosso, um bom dia dado de coração, uma doação, que achavamos sem importância, o próprio trabalho que desempenhamos, pode tocar uma vida, melhorar o dia de alguém, salvar um coração amargurado. Quem nunca escutou um: “ Nossa, isso era tudo de que eu precisava hoje!!”?! Quantas vezes mudamos um pouquinho o curso diário do dia e mudamos o dia do outro.
Quando morei em Porto Alegre eu tirava a hora do almoço as terças-feiras pra assistir no teatro São Pedro um projeto gratuito chamado “ Música ao meio-dia”, ou coisa do gênero, que nada mais era que uma pequena peça de algum compositor clássico tocada por grupos pouco conhecidos da cidade; como era um horário corrido eu sempre chegava atrasada e me sentava nas últimas cadeiras, sempre ao lado de uma senhora que todas as vezes estava lá no mesmo lugar. Aos poucos o simples “Boa tarde” foi se transformando em conversas que se estendiam até uma meia hora depois da peça musical, conversas sempre muito produtivas pra mim, afinal ela era uma senhora muito culta, que lia muito e que sempre tinha um bom livro pra me indicar e coisas pra me ensinar. Perto de voltar pra Brasília dei a ela o endereço do meu pai aonde iria ficar quando voltasse e meses depois, já em Brasília recebi uma carta dessa senhora me contando que eu fui de extrema importância pra ela naquele período. Claro que ela também tinha sido pra mim. Estes e tantos outros encontros que a vida “tece”. Uns mais importantes que outros, mas sempre levando um pouco de nós e deixando um pouco do outro em nós.
O filme fala também, de uma forma sutil e delicada, sobre outro ponto muito importante ...o perdoar; tanto os outros como a si mesmo. Fala sobre essas amarguras que levamos pela vida afora, que vão nos matando aos pouquinhos, aquelas que pesam em nossa alma, mas que por algum motivo que nem nos direito sabemos não jogamos fora. Perdoar de todo coração, limpar nossa alma, nosso corpo, nossa “casa”, nossa vida das energias ruins, do peso, do rancor, da amargura, da dor, das feridas do coração...não, não é nada fácil! Mas faz tão bem! Deixa a vida tão mais fluída, tão mais leve, mais gostosa, diria até, mais colorida. Tenho feito esse exercício; olhar pra bem dentro de mim e ver o que ainda me dói, o que me machuca, o que não foi bem resolvido e tento de alguma forma resolver. Tem dado certo! Tem feito milagres em mim e consequentemente na minha vida e nas minhas relações como um todo.
Este final de semana escutei muito (do meu sábio namorado) que se preciso mudar alguma coisa, essa coisa precisa primeiramente começar comigo. O resto é consequência. E olhando pra trás o que vejo é exatamente isso. Toda vez que vi em alguém algo que não gostei era porque estava me vendo naquela pessoa, naquele ato. Uma teia! O outro, ou a situação estão ali pra te fazer perceber algo dentro de você. Se você está bem o outro não te incomoda. Mas se você precisa mudar o outro é colocado exatamente pra isso. Pra te ajudar. Mas, nem sempre percebemos. Na maioria das vezes, apontamos o erro, julgamos e damos a solução. A solução!? Grande engano! A solução não está ali, mas sim dentro de cada um de nós. O erro do outro ele mesmo vai acabar acertando! Não se preocupe! Se preocupe sim, com você!
Nada como um filme e horas de papo com minha "estrela" pra eu ficar assim...filosofando! (risos). Pelo menos estou tentando melhorar amigos, como ser humano, como tantas, que existem dentro de mim.
Grande beijo!

segunda-feira, 1 de março de 2010

Martha Medeiros...

"Oh Lord...

Muitas pessoas não foram treinadas para se satisfazerem com o que têm, mesmo que elas tenham tanta coisa.
Liguei o rádio do carro e, santa nostalgia: estava tocando uma música da Janis Joplin que marcou minha infância, mesmo que naquela época eu não entendesse quase nada de inglês não que entenda muito hoje. Você deve lembrar, é um clássico, começa dizendo: Oh, Lord, wont you buy me a Mercedes-Benz? My friends all drive Porsches, I must make amends, que significa, mais ou menos: Oh, Senhor, não quer me comprar um Mercedes-Benz? Todos os meus amigos dirigem Porsches, eu preciso compensar. E seguia nesta irônica e provocativa prece pedindo nem paz, nem amor, e sim uma TV a cores e noitadas.
Se Ele a amasse mesmo, não a deixaria na mão.
Oh, Lord, quantas pessoas, hoje, não estão por aí também rezando por uma Louis Vuitton que não seja de camelô e por uma poderosa TV de plasma? Elas abrem as revistas e estão todos tão melhores de vida do que elas, como ser feliz sem igualdade de condições? Dê a estas pessoas o que elas pedem, Senhor, é só fazê-las ganhar um sorteio, uma rifa. Imagine a dificuldade que o Senhor teria para atendê-las caso elas pedissem um mundo mais acolhedor, menos agressivo, mais sensato, o trabalhão que iria dar.
Oh, Lord, reconheça a inocência de quem lhe pede uma casa na praia, um chalezinho na montanha, ou mesmo um belo apartamento em bairro nobre, o Senhor sabe que estas pessoas não foram treinadas para se satisfazerem com o que têm, mesmo que tenham tanta coisa, como família, paz de espírito, um emprego decente, mas isso não conta, isso não enche barriga de ninguém.
Oh, Lord, ninguém anda rezando por fé, pela saúde do vizinho, para resistir aos apelos consumistas, nem mesmo para simplesmente dizer “Obrigada, Senhor”. Não se faz mais este tipo de concessão: afinal, obrigada por quê? Eles querem ser convidados para as festas. Eles querem melhorar. Compense-os com um relógio de grife, uma corrente de ouro, um celular bem fininho e uma câmera digital, eles não podem comprar, mas o Senhor pode, o Senhor tem crédito em qualquer loja, o Senhor só precisa fazer abracadabra e tudo se resolve.
Janis Joplin gravou esta música em 1970. Nos últimos 37 anos, o número de súplicas estapafúrdias segue aumentando e quase ninguém mais lembra de agradecer o mistério da existência, o poder transformador dos afetos, a liberdade de escolha, o contato com o que ainda nos resta de natureza, o encanto dos encontros, a poesia que há numa vida serena, a alma nossa de cada dia, essas coisas que parecem tão obsoletas, e pelo visto são. Oh, Lord, desça daí, faça alguma coisa, que aqui embaixo trocaram o abstrato pelo concreto e não demora estarão pedindo a parte deles em dinheiro."

Martha Medeiros.