segunda-feira, 19 de abril de 2010

Tranquilidade...


O texto da Martha deste domingo fala sobre um assunto que povoou os meus pensamentos neste domingo.
O texto dela fala sobre a entrega. A leveza e a entrega nos relacionamentos.
Um relacionamento leve em que os dois não se vestem de máscaras, de caras e bocas pra agradar. Um relacionamento em que temos a tranqüilidade e o prazer de sermos o que somos. De nos mostrarmos com todas as nossas virtudes e defeitos, com todas as nossas dificuldades, mostrando a nossa “casa” com todas as “goteiras” e infiltrações existentes, sem medos nem angústias. Tendo a certeza que ali do outro lado estará alguém que verá você do jeitinho que você realmente é, e que mesmo assim te amará e crescerá com você. Ao seu lado. Nem atrás, nem na frente.
Tenho me sentido assim. Tranqüila em ser o que sou. Querendo ser melhor, a cada dia, mas sem fazer disso um campo de batalha.
Tranqüilidade em me expor, em opinar, em pensar, em querer ou não. Tranqüilidade em confiar no outro. Tranqüilidade em estar de cara lavada, jeans e camiseta e agradar mesmo assim. Tranqüilidade em poder não estar bem. Tranqüilidade em não ser observada a cada mínimo gesto. Tranqüilidade em sentir. Tranquilidade, paz de espírito, harmonia e muuuito amor é o que ando sentido! Ando gostando bem mais de mim! E olha isso tem me feito um bem imenso!
Um viva aos relacionamentos que não são um “jogo de tênis”.
Agora Marthinha pra vocês!
Grande beijo.


"Acaba de ser revelado o que uma mulher quer e que Freud nunca descobriu. Ela quer uma relação amorosa equilibrada onde haja romance, surpresa, renovação, confiança, proteção e, sobretudo, condições de entrega. É com essa frase objetiva e certeira que Ney Amaral abre seu livro Cartas a uma Mulher Carente, um texto suave que corria o risco de soar meio paternalista, como sugeria o título, mas não. É apenas suave.
Romance, surpresa etc, não chegam a ser novidade em termos de pré-requisitos para um amor ideal, supondo que amor ideal exista, mas “condição de entrega” me fez erguer o músculo que fica bem em cima da sobrancelha, aquele que faz com que a gente ganhe um ar intrigado, como se tivesse escutado pela primeira vez algo que merece mais atenção.
Mesmo havendo amor e desejo, muitas relações não se sustentam, e fica a pergunta atazanando dentro: por quê? O casal se gosta tanto, o que os impede de manter uma relação estável, divertida e sem tanta neura?Condição de entrega: se não existir, a relação tampouco existirá pra valer. Será apenas um simulacro, uma tentativa, uma insistência.
Essa condição de entrega vai além da confiança. Você pode ter certeza de que ele é uma pessoa honesta, de que falou a verdade sobre aquele sábado em que não atendeu ao telefone, de que ele realmente chegará na hora que combinou. Mas isso não é tudo. Pra ser mais incômoda: isso não é nada.
A condição de entrega se dá quando não há competitividade, quando o casal não disputa a razão, quando as conversas não têm como fim celebrar a vitória de um sobre o outro. A condição de entrega se dá quando ambos jogam no mesmo time, apenas com estilos diferentes. Um pode ser mais rápido, outro mais lento, um mais aberto, outro mais fechado: posições opostas, mas vestem a mesma camisa.
A condição de entrega se dá quando se sabe que não haverá julgamento sumário. Diga o que disser, o outro não usará suas palavras contra você. Ele pode não concordar com suas ideias, mas jamais desconfiará da sua integridade, não debochará da sua conduta e não rirá do que não for engraçado.
É quando você não precisa fingir que não pensa o que, no fundo, pensa. Nem fingir que não sente o que, na verdade, sente.
Havendo condição de entrega, então, a relação durará para sempre? Sei lá. Pode acabar. Talvez vá. Mas acabará porque o desejo minguou, o amor virou amizade, os dois se distanciaram, algo por aí. Enquanto juntos, houve entrega. Nenhum dos dois sonegou uma parte de si.
Quando não há condição de entrega, pode-se arrastar, prolongar, tentar um amor pra sempre. Mas era você mesmo que estava nessa relação?
Condição de entrega é dar um triplo mortal intuindo que há uma rede lá embaixo, mesmo que todos saibamos que não existe rede pro amor. Mas a sensação da existência dela basta."


Martha Medeiros.

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