quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Novamente um texto sobre palavras...



Hoje lendo o texto de domingo da Martha me lembrei da minha prima Adriana e de suas palavras tiradas da “cristaleira” e usadas com graça e naturalidade. Palavras do tipo “chávena” (leia-se xícara); dentifrício (leia-se pasta dental) entre algumas outras. Palavras que quando usadas sempre nos trazem boas lembranças, lembranças de um tempo em que se falava com menos gírias e talvez com mais entendimento.
Hoje com a modernidade da tecnologia, além das palavras mudarem e diminuírem (vocês já tentaram ler o que a garotada escreve no computador?!) não escrevemos mais cartas e poucos são os que ainda escrevem carinhosos bilhetes. Alguém ainda se lembra de abrir uma carta de um namorado que chegou pelo correio?! Humm... que delícia!
Mas, o tempo muda, o tempo passa e nós e o mundo ao nosso redor mudamos também. Eu ainda continuo escrevendo cartas, mas assumo que elas vão pelo e-mail mesmo! Não tem o mesmo charme, mas tem a rapidez e uma série de outras vantagens. Não tem jeito não dá pra parar no tempo, nê?! Então fazemos assim, tiramos uma ou outra vez uma destas palavrinhas “vintage” da cristaleira e matamos a saudade do tempo em que ainda se via cachorro correndo atrás do cara do correio.
Beijos!


"Vocabulário vintage.

Sempre gostei de ver resgatadas algumas palavras antigas
Eu havia combinado de buscar minha filha na casa de uma amiga por volta das 18h. Pouco antes desse horário, ela me ligou toda excitada dizendo que haviam resolvido assistir a um DVD e que alguém havia providenciado marshmallow com morangos e todas as outras gurias iriam ficar até mais tarde, então, mãe, mamãezinha, deixa eu ficar mais um pouco!!!
Respondi: “Tudo bem, me liga quando esse frege terminar”.
Silêncio abissal do outro lado da linha. Minha filha recuperou seu tom de voz normal e respondeu um seco: “Tá, eu ligo”. Parecia que tinha recebido a notícia da morte de um parente.
Assim que desliguei, não contive o riso. Frege! Minha filha deve ter ficado em estado de choque, que língua mamãe estar falando?
Na mesma hora lembrei de uma passagem do ótimo Eles Foram para Petrópolis, livro que publica uma troca de correspondência virtual entre os jornalistas Ivan Lessa e Mario Sergio Conti. São textos eletrizantes, inventivos, inteligentes, que nos fazem matar a saudade de Paulo Francis, de quem os dois sempre foram amigos, aliás. Em certa passagem do livro, eles salientam ser “imprescindível tirar uma palavrinha lá da cozinha, dar uma limpada, um bom brilho e depois tacar na cristaleira da sala de jantar para as visitas admirarem”. E concluem: “Uma gíria e um bordão podem e devem pedir o boné e se mandar. Uma palavra, não.”
Concordo e dou fé (também tirando da cozinha uma expressão empoeirada). Sempre gostei de ver resgatadas algumas palavras antigas que, ao invés de denunciarem a decrepitude de quem as escreve, acabam por dar ao texto um ar vintage, que, como se sabe, é ultramoderno. Em vez de dizer que fulana ficou estressada, não é muito mais divertido dizer que ela teve um faniquito? Temos medo de bandidos, mas simpatizamos com os pilantras. E quem é aquela dando em cima do seu marido? Uma boa de uma bisca.
Vá lá salvá-lo antes que a sirigaita o leve no bico. Antigamente as expressões eram mais leves, e leveza hoje é uma qualidade revolucionária.
Esgotado o tempo regulamentar, busquei minha filha na casa da amiga e vi que seu cotovelo estava esfolado. “O que aconteceu?”, perguntei quando ela entrou no carro. “Nada de mais, mãe, levei um boléu”. Não era caso pra achar graça, mas achei."

Marth Medeiros.

Um comentário:

  1. Querida Aline,
    Que bom!Lembrou de mim!!!kkkk
    Só para esclarecer, chávena não é xícara, chávena é maior e se toma leite, cha; xícara, é menor e onde se toma café!!! Entendeu?!?rsrss
    Nada como usar algumas palavras, tiradas do passado e reviver boas emoções!!
    Beijo

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