quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Leite de saquinho...



Hoje comprei leite de saquinho (lembram?) pra fazer coalhada. Cheguei em casa e enquanto o Gustavo lanchava eu fui fazer a tal. Peguei o saquinho na geladeira e na hora que cortei a pontinha e derramei o leite na leiteira, olhei pro lado e vi uma cara assustada com uma pergunta:
– O que isso mamãe?! – (como se aquilo fosse o próprio ET em forma líquida)
– Leite Gu.
- Leite??!! No saquinho??!! Cadê a caixinha?! Agora vai ser deste jeito?!
-Não filho! É porque pra fazer esse tipo de iogurte que vou fazer, com esse é melhor. Mas ele é igual aos outros. Na época que eu era criança, inclusive, não tinha leite de caixinha, e se tinha era muito caro, o normal eram as pessoas comprarem deste aqui.
-Nossa mamãe você é velha mesmo! –
É... não sei se sou velha ou se a tecnologia correu muito ou ambas as coisas! Mas o fato é que não somente o leite, mas muitas outras coisas não fazem, nunca fizeram e nunca farão parte da realidade do meu filho. E tem coisas que nem tem tanto tempo assim. Ou será que tem?! Será que o tempo anda correndo tanto que eu não estou conseguindo acompanhar?
Isso me dá uma certa tristeza. Meu filho talvez não saberá o prazer de uma partida de “bete” ou de ganhar cinco bolinhas de gude das mais bonitas, ou passar o dia enchendo de arreia aqueles carrinhos bem vagabundos de plástico pra depois brincar de corrida na pista feita de areia, escorregar com papelão, pular corda, trocar papel de carta, andar de patins(claro de quatro rodas em dois eixos), tomar banho de chuva e pular em uma poça cheinha de água, brincar de polícia e ladrão de bicicleta, jogar “Banco Imobiliário” até de madrugada, acampar no quarto com barraca feita de colchão, ver sessão da tarde com pipoca de panela e chocolate quente, combinar com a amiga de dormir na casa dela sendo que ela mora no apartamento ao lado, fazer a brincadeira do “copo” e passar a noite morrendo de medo... Nossa que saudade!! Sinto tanto que meu filho vá poder vivenciar esses prazeres. O prazer da brincadeira de rua, da brincadeira feita com brinquedos feitos por si próprio, a meu ver bem mais saudáveis que os "Nintendo" da vida.
Eu sei, eu sei, ele em contra partida terá tecnologias muito mais avançadas que eu possa sequer imaginar. Ele vai poder até quem sabe visitar algum planetinha, ver a cura de algumas doenças, ter mil e um confortos ao toque das mãos ou ao poder de um pensamento. Eu sei! Mas, mesmo assim ainda acho que dá pra unir ambas as coisas e que algumas destas coisas “antigas” como uma bela “pelada” (que pode ser vencida pelo Wii) não tem preço. Mas, cada um na sua época, não?! Ainda bem que eu peguei um pouco das duas e ainda vou poder aproveitar muito da tecnologia sabendo e conhecendo os prazeres de ferver leite de saquinho pra fazer coalhada. Vocês não tem idéia da cara de admiração dele!Não sai da minha mente. (risos).
Ainda bem que pra coisas como beijo na boca, abraço apertado, dançar coladinho, rir com os amigos, cheiro de comida bem feita, uma roda de violão, um pôr-do-sol, lua cheia acompanhada de quem se ama e de uma boa taça de vinho ainda não inventaram substitutos virtuais e como eu acho que não vão dar conta mesmo, eu fico bem tranqüila.
Beijos pra todos!

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