terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Pablo Neruda...

Um pouco de Neruda…

Sonetos de amor - Soneto XI


“ Tenho fome de tua boca,
de tua voz, de teu pelo,
e pelas ruas vou sem nutrir-me o pão,
a aurora me desequilibra.
Busco o som líquido de teus pés no dia…
Estou faminto do teu riso resvalado,
de tuas mãos cor de furioso celeiro,
tenho fome da pálida pedra de tuas unhas,
quero comer tua pele como uma intacta amêndoa.
Quero comer o raio queimado em tua beleza,
o nariz soberano do arrogante rosto,
quero comer a sombra fugaz de tuas pestanas
e faminto venho e vou alfateando o crepúsculo buscando-te,
buscando teu coração ardente como uma puma na solidão de Quitratúe.”


Pablo Neruda.



Leio e releio este poema e fico imaginando o que sentia esse homem ao descrever tamanha falta que esta pessoa fazia em sua vida, em seu dia, em seus minutos…
Pessoa esta tão sentida, tão querida, tão poeticamente descrita neste poema.
Tudo tão passional, tão quente, tão vivido dentro de seu intímo.
Fiquei pensando na saudade….na falta, na ausênsia… no desespero que toma conta de todo nosso ser quando a saudade faz morada em nosso corpo, em nossa alma, em nosso coração.
Saudade que muitas vezes grita e não fala, que muitas vezes é concreta e não abstrata, que nos tira o prumo, o rumo, a direção.
Já senti saudades assim, daquelas que parecem que tem vida, uma vida que não eu mas minha mente sozinha controla e governa e que parece não querer me trazer paz.
Já senti saudades de cheiros, sons, momentos, pessoas, lugares…lugares que estive e que quero estar.
Já senti saudades daquele tipo que vem como uma brisa fresca em uma tarde de verão quente…que acalma e refresca…que trazem paz.
Já senti saudades daquelas que trazem calor e acolhem, por serem um porto seguro.
Já senti saudades que transbordam o corpo e me fazem chorar, sem mais nem porque.
Já senti saudades apertadinhas…urgentes, pungentes, gritantes…
Tantos momentos, tantas emoções, como tão bem canta o “rei”…
Momentos tão meus, saudades tão minhas…
Já senti e ainda sinto muitas saudades…e espero ainda ter muitas coisas pra ter saudades, daquelas bem gostosas que são um porto seguro em dias conturbados.
E você do que anda sentindo saudades??!!

Um beijo grande.



Um comentário:

  1. Vale ter uma saudade, simples, de vc?! ;)

    Amore, por essas e por outras que eu admiro os artistas, poetas e sensíveis: tão passionais, tão confiantes no impossível, tão suuuuuuper humanos!!!
    Eu acho que só entende esse poema quem já perdeu o fôlego, a respiração, achou que não existiria mais vida ou que morreria sem aquela pessoa...

    Saudade... do que eu tenho saudade... tantas coisas... quem vive e curte viver tem saudade, né?
    Mas no momento tô com saudade do silêncio de contentamento dentro de um carro, vendo umas árvores gigantes e sentindo o vento bem gostoso na minha mão, subindo e descendo... e do sentimendo gostoso que sentia, embora fosse uma felicidade efêmera...

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